Morte Em Veneza

Vou pelas ruas de madrugada Atrás do bloco, frente a nada Perdendo o foco Quase pisando fora da calçada Vou pelas ruas querendo tudo Ficando surdo com o toque do tambor Que vem de mim, de mim Mil anos-luz, fazendo juz Ocupam tempos Vou assim, até o fim, até o mar Até o sol voltar de seu fermento Sol! Vem me buscar, vem me perder... Não vou guardar os ossos dentro do corpo Vou cair no mar, me dissolver Sigo respirando o ar da Cidade Lendária Sou quase um Deus Sou um palhaço que viveu da vaia Aspiro o lixo que o vento traz Sufoco a alma Vou pelas ruas repetindo a todo instante “Chega de mim, chega de mim!” Vou pelas ruas, busco o momento Que vai-se embora num minuto Dura um minuto E o mundo inteiro vai sem hesitar O mundo inteiro vai sem hesitar... Vou pelas ruas, ouço o relógio Caio sentado, sinto o sol se aproximar Se aproximar, se debruçar no horizonte Sol! vem me buscar, vem me buscar... Hoje à noite