No Silêncio do Relógio

O ponteiro descansa, não quer avançar Na quietude do instante, começo a escutar A respiração do mundo tão sutil, tão real No silêncio do relógio tudo parece normal É aqui que encontro o que não busquei Um espaço entre o tempo que eu nunca notei Nem futuro, nem passado, só o agora é real Um momento suspenso, quase mortal No silêncio do relógio ouço o coração Batendo com o passado sem uma direção O tempo para, mas a vida flui E nesse vazio, o meu serreluz As sombras não correm, o sol não se põe O mundo em pausa, mas a alma compõe Cada segundo se estica no ar Como um eco distante que vem me abraçar E no intervalo das horas eu posso sentir Que há mais no silêncio do que se pode ouvir Nem pressa, nem medo, só a paz do lugar Onde o tempo decide parar de contar No silêncio do relógio ouço o coração Batendo com o passado sem uma direção O tempo para, mas a vida flui E nesse vazio, o meu serreluz É nesse momento que eu percebo Que o tempo é só um espelho do que carrego Não é o tic-tac que dita o meu ser Mas a calma de aprender a viver No silêncio do relógio ouço o coração Batendo com o passado sem uma direção O tempo para, mas a vida flui E nesse vazio, o meu serreluz Deixo o relógio na parede calar E no espaço do instante começo a me achar No silêncio encontro o que é meu Um pedaço do tempo que sempre viveu