Som da Chuva

Como é dormir ao som da chuva Isso é dormir ao som do tempo A gota cai marcando o passo A chuva é mais um recomeço O rosto em que me reconheço Hoje é marcado pelas águas Do prazer de ser, ou seja Eu sou; ou seja, essa é minha casa Ou seja; eu sou minha casa e onde habito É igual uma caixa e eu não quito Minha vontade de uma caixa bem maior do que a que habito O futuro proibido ao tom da pele, fere o tempo A gota d’agua ta entupindo o cano da pistola e pronto Pronta entrega, paga à vista Poesia vista é o ponto Preto é a cor do espaço inteiro Prata é o brilho do seu sonho Não vão mais roubar seu sono Não vão mais matar seu filho Ninguém mais será seu dono Você tem a cor do espaço Sabe o que é um ponto preto? É o começo do universo Dormir ao som da chuva É como sentir vida no silêncio Dois mil e trinta e oito, crianças carregando um 38 Não! Dois mil e trinta e oito, crianças na varanda, chá e biscoito Bolacha na cara e eu sou paulista Dois mil e trinta e oito e ainda tem rixa Cês tão tentando a sorte, já perderam todas as fichas Matando nascentes, matando inocentes Queimando sementes, perderam todas as fichas Brigando com os entes, estragando ambientes Viu alguém consciente? Eu sou maluco Mas alguém me disse alguma vez que eu ia ter um futuro grande Eu acho que foi Deus Afrofuturismo é quando um preto vira Deus? Eu acho que fudeu (Poesia à vista é o ponto) Se você não me entendeu eu acho que fudeu Você nunca entendeu Deus Eu sou meu Parei Como é dormir ao som da chuva Isso é dormir ao som do tempo