Folhas

Há lonas e carros, motas e barcos Pontas e charros, notas e narcos Sol e calção, botas e charcos Há direcção, há rotas e arcos, coelhos, cartolas Há montras, ETARES Fedelhos em escolas e cotas em lares Empurrões e lutas, há contas em bares E perdões e culpas, há horas pa'tares Há merdas e tanga, há afrontas e paz Perdas e ganho, folgas e ares Cartas na manga prontas a dares Partidas e lagos, há voltas e mares Há quem desabafa, há queixar-se ao vizinho Quem larga a garrafa e quem se acha no vinho Quem faça peito e quem baixa o focinho Quem tenha gang e quem aja sozinho Há quem não peça, há quem não tire o extrato Há quem não foge, há quem vire o casaco Há quem tropeça, há quem veja o buraco Há caracóis, há cerveja e tabaco Ainda há quem invente e quem espalhe o boato Há quem se vende, há quem rasgue o contrato Há quem se mente e quem esconde o maltrato Há quem ostente, há quem compra barato Há quem não tema e se assusta um bocado Quem vive à justa ou à custa do Estado Há quem se ofenda com quem passa ao lado Quem cuspa no beat e quem cuspa no prato Quem vive o futuro e retenha o passado Quem goza a loucura dos menos ousados Há quem procure e quem tenha encontrado E há quem to jura com dois dedos cruzados Segredos contados e vento de ouvido Quem tenha sem luta e quem luta por ter Momentos roubados e tempo perdido Quem tenta mudar e quem muda sem querer Anos e meses, juizes e presos Há modas e pradas, há saldos e lease Tampas e pesos, há sims e apreços Há cordas esticadas, socorros, aviso Planos e preços, há jardins e terços Há portas trancadas à espera do guizo Campas e berços, há fins e começos Há fotos guardadas, há choros e riso Rodas e estradas, churros e cheetos Memórias lembradas, há pontos e mitos Bodas, entradas, sussurros e gritos Há histórias contadas, há contos e ditos Há contos e ditos Há brócas, apitos, murros e kicks Há trocas e leaks, há truques e feats Há mócas, delitos, há burros e fritos Há cocas, convites, há grupos elites Há fumos e fogo, ouro e barulho Costumes e missa e quem sonha o mergulho Fundos e jogo, tesouros, entulho Há ciúmes, cobiça Há vergonha e orgulho Há eras e musgo, há koys e sermões Há trevas e escuro, há luz e trovões Há esperas e rusga, heróis e vilões Há mijo no muro, há lamentações Há estrelas e luas, planetas e sondas Há quem tente o frete, há gretas e bolhas Há tê-las as duas, há letras e ondas E 57, há canetas e folhas