Herança

O advogado entrou, a luz já se foi Um velho sem herança, sem ninguém que o deixou Um carro, um sofá, algumas roupas no chão Nada pareceu valer a sua ilusão Mas no canto da sala, um retrato sutil Um jovem sorrindo, com o mar como um tril No canto, a escrita: "sul da Tailândia" Seria esse o mistério que ainda não sabia? E o velho viajou o mundo inteiro Sem construir castelos, sem deixar dinheiro Ele escolheu viver, e não apenas existir Nada deixou para trás, além de seu sorrir Na gaveta do criado, segredos guardados Fotos de tango, pirâmides, Muro desmoronado Um mapa marcado, quase todo preenchido Mas o que ele possuía era o tempo vivido Nas margens do mundo, seu rastro deixou Sem ter que lutar, sem nada que ficou A poesia no mapa, no Pacífico isolado Era o seu legado, o segredo revelado E o velho viajou o mundo inteiro Sem construir castelos, sem deixar dinheiro Ele escolheu viver, e não apenas existir Nada deixou para trás, além de seu sorrir E o velho viajou o mundo inteiro Sem construir castelos, sem deixar dinheiro Ele escolheu viver, e não apenas existir Nada deixou para trás, além de seu sorrir Eu que decidi viajar, Eu que escolhi conhecer, Nada tenho a deixar Porque aprendi a viver...