Caixa de Ninguém

Se o micro tá ligado tem a força da minha caneta Desenhos são palavras, sons significados faz-se uma letra Surge arte! Dela não tomas parte Se não quiseres sujar-te ou queimar-te Toca em marte! Onde o céu é da cor da terra Atmosfera inócua quando estamos em tons de guerra Alguém berra de tempos a tempos tão silenciosamente Engenhosamente calados pelos sinais do tempo É que tomámos o gosto à burguesia Comemos e bebemos longe da filosofia Consciência com a ciência já é Demagogia Decadência da sociedade sem sonho nem utopia E a batuta da luta é individual Geocêntricos têm o sol procuram o sal Seguimos hipnotizados numa espiral Kafkiana Cilindrados pela estupidez fazemos da terra plana Cilindrados pela estupidez fazemos da terra plana Cegos pela estupidez fazemos da terra plana Se o pensamento é pequeno estou além Pensa a mente a quente o que me convém P'la lente diferente de um alguém Eternamente dentro da caixa de ninguém Se o pensamento é pequeno estou além Pensa a mente a quente o que me convém P'la lente diferente de um alguém Eternamente dentro da caixa de ninguém Cada vez mais censurados pela nossa linguagem Receamos ser interpretados pela linhagem De catalogadores profissionais pseudo libertários Pensamentos e ideais congelados são reacionários Ninguém debate confronto gera desconforto Faz parte pertencer ao mundo de iguais Polidos eliminam-se arestas vitais De tão polidas a irreverência não volta mais Sucesso, progresso, excesso, procura exterior Encher de afetos o depósito de amor Vazio, frio, sombrio o encontro tardio Com o interior infantil perturbador sem pavio Poetas não pertencem aqui fazem questões Certezas compõem as multidões São certidões que vão com a maré, Imaginários são sacrificados em autos-de-fé, e aqui vou eu Se o pensamento é pequeno estou além Pensa a mente a quente o que me convém P'la lente diferente de um alguém Eternamente dentro da caixa de ninguém Se o pensamento é pequeno estou além Pensa a mente a quente o que me convém P'la lente diferente de um alguém Eternamente dentro da caixa de ninguém