Não Sou Nada

Sigo a vida dos comuns, contrato de frequência Não olho à decência, sirvo a subsistência Decadência servil a ânsia pelos objetivos Enquanto a gravata me marca a pele e lança os preparativos Dígitos na conta digital dilatam-me as pupilas Sonho com oceanos azuis intactos e sem filas Gráficos e preenchimentos de procedimentos ocupam-me o espaço anímico E penso por momentos... Eu não sou nada, nunca serei nada, não posso ser nada Eu não sou nada, nunca serei nada, não posso ser nada Eu não sou nada, nunca serei nada, não posso ser nada Eu não sou nada, nunca serei nada, não posso ser nada Eu não sou nada, nunca serei nada, não posso ser nada Eu não sou nada, nunca serei nada, não posso ser nada Eu não sou nada, nunca serei nada, não posso ser nada Eu não sou nada, nunca serei nada, não posso ser nada Às vezes penso o que faço por aqui e a que nível Tenho de criar valor acrescentado e estar sempre disponível Hard skills, soft skills, pay the bill skills E eu p'a aqui a sonhar com baixos e fills Mas se eu sair daqui há um mundo cão lá fora Os prados são campos de devastação E implora agora que não há volta a dar ao planeta, chora E não arrisques, consolida, que o Zé Mário adora Chego a casa a desejar ser o Clark para amanhã rasgar a camisa Sair pela janela e sobrevoar o parque Onde pessoas são felizes, eu tenho a certeza Aceito o preço da evolução, mas queria estar nessa mesa Onde falam e riem alto como se não fosse nada com vocês Não vêm a minha cruz aposto que trabalho para vocês Cambada de filhos da mãe!e Oxigeno e ponho o sorriso postiço para o que vem Eu não sou nada, nunca serei nada, não posso ser nada Eu não sou nada, nunca serei nada, não posso ser nada Eu não sou nada, nunca serei nada, não posso ser nada Eu não sou nada, nunca serei nada, não posso ser nada Eu não sou nada, nunca serei nada, não posso ser nada Eu não sou nada, nunca serei nada, não posso ser nada Eu não sou nada, nunca serei nada, não posso ser nada Eu não sou nada, nunca serei nada, não posso ser nada Os Homens costumavam fazer culto ao universo: Disperso, imenso, arrebatador Carregavam consigo a felicidade de estarem vivos Agradeciam, trabalhavam, festejavam, descasavam Agradeciam, trabalhavam, festejavam, descasavam Mudaram o culto, era preciso mais era possível mais Criaram a máquina à sua imagem assim como Deus os tinha feito Ficaram como que... encurralados Eu não sou nada, nunca serei nada, não posso ser nada Eu não sou nada, nunca serei nada, não posso ser nada Eu não sou nada, nunca serei nada, não posso ser nada Eu não sou nada, nunca serei nada, não posso ser nada Eu não sou nada, nunca serei nada, não posso ser nada Eu não sou nada, nunca serei nada, não posso ser nada Eu não sou nada, nunca serei nada, não posso ser nada Eu não sou nada, nunca serei nada, não posso ser nada