O Contrato

Ei Queres que eu te conte uma história Senta-te aqui Numa república distante chamada Angola Esquecida pelos deuses E entregue a mais abjeta depravação O crime tem um conceito distinto Pois do crime se amassa o pão E não há quem não seja ladrão Num ambiente altamente competitivo para o ofício Dois escroques distinguem-se Pelas suas refinadas técnicas E ética de trabalho Tornando-os vigaristas de elite Maio de 2003 Foi assim que tudo começou O Movicel toca Uma vez e desliga Logo a mulher chora Sabe o que significa Sabe que em casa tem um tropa Que s'arrisca Sabe que quando esse fone toca É merda grossa E desatina Hey Colabora linda Sabes que o teu homem te adora E sempre volta para as crias Mas agora Vá Respira Tenho de estar na quinta Às 15h30 Lá no Skyna Essa é a combina Quando o Movicel apita Vou ter com o recepcionista Dou a senha Magnólias, margaridas Ele entrega o envelope Que indica o que me espera Pego e bazo sem conversa Pr'uma posição discreta Ver a tarefa Que espero ser complexa Mmmhhh A foto de um avião Um 727 Sem mais outra descrição Um telefone de botão E um recado escrito à mão Aquele que te ligar É o teu líder de missão Dormia sobre os livros Antes de acordar com beep E quando é Movicel Já faço ideia do convite Ao lavar o rosto Me passa pela cabeça Que ao meu arredor Não há uma só alma pra que eu despeça Só cabos enrolados PC e caixas de pizza Charros apagados TV e taças de whisky É desde a primária que eu penso E mentalizo A vida solitária É o preço da expertise E facilita o desapego Já agora, a van branca Espera por mim lá fora Para o arranque Mas antes pago as contas Como um inquilino Aí mergulho duma vez Pro meu destino clandestino Onde parar à frente ao Skyna É uma parte chave Ali troquei um envelope Por um par de chaves Uma abre um AP Simples e simpático Outra, a porta secreta Do meu mundo informático