Cicatrizes de Papel

[Intro] Documentos antigos, memórias de papel Histórias escritas que o tempo não desfez Entre números frios, encontro meu ser Na dança dos zeros que fazem meu ter [Verso 1] Luanda me chama através do papel Contas do passado, um peso cruel Meu pai me deixou mais do que dinheiro Um legado complexo, não sou mais herdeiro Entre semba e kuduro, danço com a verdade Os extratos contam histórias da cidade [Refrão] Cicatrizes de papel, marcas que não vão sarar Entre o ter e o ser, quem sou eu pra questionar? Privilégio é uma dança que não posso parar Mas minha alma angolana continua a pulsar [Verso 2] Na noite dos arquivos, encontrei meu destino Kimbundu no sangue, mas rico menino Números me perseguem como fantasmas Entre prédios modernos e antigas plasmas Não posso fugir do que me foi dado Mas posso transformar esse legado [Bridge] Entre o banco e a rua Entre o céu e o chão Minha história flutua Na contradição [Refrão] Cicatrizes de papel, marcas que não vão sarar Entre o ter e o ser, quem sou eu pra questionar? Privilégio é uma dança que não posso parar Mas minha alma angolana continua a pulsar [Verso 3] Documentos me falam de um tempo passado De lutas e sonhos que foram guardados Na dança do kuduro, encontro libertação Mas o peso do papel ainda aperta o coração Beatriz me ensinou a quebrar as correntes Com beats fragmentados, tornamos diferentes [Outro] Os papéis vão amarelando Mas a música segue tocando Na dança entre ter e ser Encontro meu jeito de viver Cicatrizes que me fazem quem sou No ritmo de Angola, sigo e vou