Poesia e Vinho

Estou empenhado desde de que nos cruzámos Nunca fiquei parado há pior do que o que passámos Mostrar-me o verdadeiro valor não quanto ganhámos Se o tempo é dinheiro diz-me quanto é que já gastámos Em pessoas inúteis Pessoas imundas Pessoas que são fúteis Mas se calhar já fui uma delas Para mim sou uma delas Destruíste tudo e depois vieram as sequelas Estás a dever-me para aí 5000€ por mês e as razões são estas Primeiro - no mínimo eu valho muito mais que salário mínimo Segundo - as pessoas não têm preço mas acham que o seu valor é ínfimo Porque passaram quantos meses todos de rajada Comoveste-te e não dizes nada Conta até 3 e contem as lágrimas Típico Cá p'mim não passo de um tipo ridículo Quando estou no topo do edifício a fumar mais um nite É o meu vício Visto que já não és tu Finjo que já não és tu Fingi tanto tempo que não me importava quando olho ao espelho não sei se és tu que ainda vive cá dentro Estás-me a dever pelo o menos 600€ pelo o meu tratamento Poesia e vinho Estes são os flows que me mostram o caminho E já que o faço sozinho Vou rio a cima Já que a foz esvazia Ouço a minha voz até chegar à nascente Sou Este sou dia Mas Acima de mim não vejo nada A cima de mim não vejo nada A cima de mim só vejo constelações e estão todas erradas Quantas vezes vou tomar decisões certas nas horas erradas Quantas vezes vou deixar guiar pelas estrelas com a bússola estragada A sério? Ver navios ver cruzeiros no hemisfério Sul Incomoda-me a sério olha que cool Olha que fool Olha que fodido Deve ser olhar ao espelho e só ver o refletido e pensar que na realidade eu devia ter refletido Porque é que Acima de mim não vejo nada Porque é que A cima de mim não vejo nada Porque é que A cima de mim só vejo constelações e estão todas erradas Quantas vezes vou tomar decisões erradas nas horas certas Quantas vezes vou deixar guiar pelas estrelas e coisas incertas? A sério? Sou capricórnio, virgem, sagitário e aquário Sou demônio, carneiro, touro e um otário Não passo de um básico Sou leão, escorpião, gémeos e peixes Sou caranguejo Somos todos iguais e nenhum de nós é de jeito Então balança Usa o astrolábio vê as estrelas enquanto danças Beija me o lábio à luz das velas enquanto me encantas Com essas tuas tranças Que me deixam em transe entrelaçado nas tuas entranhas Mesmo que não me tenhas Mesmo que não te tenha Podemos só fingir hoje à noite que me amas Mesmo que viva de dramas Sei que tatuas costas Depois de uma noite Sangro mas eu sei que gostas Com uma linha ténue vermelha E com a carne encarnada Deixa marca Como uma farpa Mas deixa estar que sara Mas deixa cá coçá-la Porquês podes ter ido embora Que deixaste marca e a mente continuas a ocupá-la Continuo a cobiçá-la Mas a pele não vou cortá-la Mas a pele não vou queimá-la Mas a mão não vou marcá-la Nesta dança que faço com a depressão E neste caminho não sei se vou em contra mão