Brasília é seca

A pele racha, garganta arranha O espaço aberto, a gente estranha Deserto concreto, futuro incerto Os galhos tortos, corpo no Lago Brasília é seca O entorno, o plano e a divisão Reflete a vida no Eixão O sul e o norte, o céu e o chão Vizinho estranho, há 30 anos Brasília é seca E essa cidade é seca e nunca volta atrás Brasilia é seca Essa cidade é fria e seca, nunca volta atrás Brasília é seca demais Festas estranhas, nas mesmas esquinas O sangue pinga da narina Noite na rua, sem diversão Gótico, metal, punk, rebelião Brasília é seca Terra vermelha, frio e poeira Arte no escuro, luz no Panteão Todos os Generais e os Lupercais Gente que vejo, mas não conheço Há uma geração Brasília é seca E toda vez que volto encontro uma parte de mim Cravada no cerrado morto-vivo Brasília é seca Levo o totem de um lobo que não uiva E vaga solitário pelo mundo Brasília é seca