Licença Para Morrer

Há tanto por onde pegar Mil razões para não jorrar Uma história no metal Eu sei que é difícil Não faço por mal Também é difícil para mim Deixar as coisas assim Dá para partir Desaparecer Sem fazer esquecer Sem fazer doer Que a minha a dor não vale mais que a de ninguém Sabe sofrer tão bem a minha dor como eu Foram vezes sem conta Contas de vezes e somar As vezes que eu calculei deixar de calcular Mas sempre quis achar que o sinal pudesse estar errado Mas era mais que certo Que eu estava lá, muito mais que perto Cansado, fustigado, acima de tudo iluminado Nem sempre o que é certo a fazer é o mais correto As vontades que eu ceguei para não poder chorar Tantas voltas que eu dei para nunca mais voltar Mas agora eu sei Já não há mais volta a dar O provérbio encravado Nem sempre alivia a ânsia Quem espera sempre alcança Tanto espera até que cansa A esperança é a penúltima a morrer O último sou eu Tenho a cabeça queimada O sangue a ferver As veias a pulsar E as pernas a tremer Julguei ter visto uma sombra a subir a parede Tenho a boca seca mas não tenho sede Vejo ao fundo do quarto uma antiga foto minha Dos tempos em que eu era uma inocente criancinha Não sabia o que me esperava Não sabia esperar Mas tudo um dia haveria de mudar