Fluxo

[Intro] Dinheiro sujo escorre pelas frestas do sistema Como água turva num rio sem dilema Meu pai sempre dizia, garoto preste atenção Os números não mentem, mas contam outra versão [Verso 1] Cresci ouvindo sussurros na mesa do jantar Contratos, propinas, tudo a circular Offshores nas ilhas, contas numeradas Empresas fantasmas, fortunas guardadas Meu tio contador com olhar pesado Falando de planilhas, tudo calculado [Refrão] No fluxo, no fluxo, segue o capital Escorre entre os dedos, nada é normal No fluxo, no fluxo, tudo é papel Assinaturas falsas, império de papel [Verso 2] Cada centavo conta uma história De poder e ganância sem memória Meu vizinho banqueiro sorri sem graça Enquanto o povo na fila do banco passa Transações digitais, cliques noturnos Lavando fortunas em códigos diurnos [Bridge] Carimbo, papel, assinatura Cada documento esconde uma figura Milhões navegando em rios invisíveis Enquanto os cofres públicos ficam disponíveis [Verso 3] Na periferia da cidade, aprendi cedo Que o dinheiro grande move-se em segredo Como meu pai dizia ao ver o jornal "Filho, essa merda toda é muito normal" Os homens de terno fazem seu jogo Enquanto o povo dança em meio ao fogo [Refrão] No fluxo, no fluxo, segue o capital Escorre entre os dedos, nada é normal No fluxo, no fluxo, tudo é papel Assinaturas falsas, império de papel [Outro] E assim segue o rio do capital Correndo sem fim, num ciclo infernal Mas quem sabe um dia, essa maré muda E todo esse fluxo sujo se conclua