Propina

[Intro] Papéis na mesa, café quente O jogo do poder é mais antigo que a gente Aprendi com meu pai, sem ele dizer nada Só observando a dança mascarada [Verso 1] Maleta marrom no canto da sala Envelope pardo que ninguém fala Reuniões depois do expediente Sussurros entre sorrisos, discretamente Meu pai ajustava a gravata no espelho Um código de honra torto e velho "Filho, às vezes o sistema é mais forte" E eu, pequeno, aprendendo a arte [Chorus] Propina não é só dinheiro É o silêncio no corredor inteiro Propina é a língua do poder Que todo mundo finge não entender [Verso 2] Carimbo, protocolo, assinatura Cada papel tem seu preço na estrutura Cafezinho com o doutor depois das três Palavras codificadas em português Maços de nota no fundo da gaveta Promessas feitas em mesa discreta A burocracia tem seu próprio preço Cada processo tem seu começo [Bridge] Entre carimbos e contratos Se escondem todos os fatos No jogo do "toma-lá-dá-cá" Quem sabe fazer, sabe ganhar [Verso 3] Aprendi que tudo tem seu jeito Que cada porta tem seu direito Que as regras do jogo são antigas E as palavras certas são amigas [Outro] O sistema continua girando E eu aqui, só observando Como meu pai fazia, calado No jogo do poder viciado