olhar dela

Ô de casa, ô de fora! Chegue mais perto, meu bem Que hoje o olhar tá falando mais que a boca de alguém Teus olhos são pinga com mel de uruçu Doce queimor que me deixa nu Cílios de seda, eu viro maria-mole Nesse fitar manso, perco o controle Tuas pupilas são versos de Patativa Cada piscada, trova que me cativa Teu mirar é mangue, sou caranguejo tonto Sobe e desce a maré, me afogo pronto Contempla, contempla, acende a fogueira Teu olhar é brasa pra noite inteira Queima, queima, faz o juízo voar Nesse teu mistério, quero me embolar Olhos de menina, olhos de onça Teu mirar é a roça Onde me enrosco e coço Olhos de menina, olhos de cobra Tua íris me sobra Feito luz de aurora Olhos de menina, olhos de fada Nessa troca danada Minha alma fisgada Teu piscar é repique de zabumba Que sacode meu corpo, faz virar bamba Olhos de jacarandá, brilham que nem lamparina Nesse olhar de espanto, viro folha na ventania No teu olhar tem cheiro de mata e flor Perfume de mistério, essência de amor Tuas retinas são telas de Portinari Cada olhadela, um quadro de deixar jururu Eita, minina! Teu olhar é mais certeiro que flecha de cupido Mais doce que rapadura, mais quente que o meio-dia no sertão Teu olhar é feito de umbu e pecado Azedinho doce que me deixa azulado Olhos de jabuticaba, derreto que nem rapadura Nesse jogo mudo, viro fera da caatinga pura Teus olhares são toadas de Luiz Gonzaga Cada mirada tua, um baião que me afaga Teu contemplar é brasa, sou macaxeira no borralho Assa, consome, me deixa fiapo de retalho Contempla, contempla, acende a fogueira Teu olhar é brasa pra noite inteira Queima, queima, faz o juízo voar Nesse teu mistério, quero me embolar Olhos de menina, olhos de onça Teu mirar é a roça Onde me enrosco e coço Olhos de menina, olhos de cobra Tua íris me sobra Feito luz de aurora Olhos de menina, olhos de fada Nessa troca danada Minha alma fisgada No abrir e fechar dos teus olhos Tá o segredo do nosso Nordeste É meiguice, é fogo, é saudade Teu olhar, nossa cumplicidade Na troca de olhares Teu rosto conta histórias O cordel da vida, o repente do amor No teu fitar, viro poeta e cantador Teu olhar é cajuína com luar Visão cristalina que a alma faz voar Olhos de opalina, viro maria-fumaça Nesse olhar profundo, perco a cachaça Teus olhares são acordes de rabeca Cada piscada tua, um segredo que me pega Teu contemplar é jangada, sou peixe na rede Mira, hipnotiza, depois mata minha sede Contempla, contempla, acende a fogueira Teu olhar é brasa pra noite inteira Queima, queima, faz o juízo voar Nesse teu mistério, quero me embolar Olhos de menina, olhos de onça Teu mirar é a roça Onde me enrosco e coço Olhos de menina, olhos de cobra Tua íris me sobra Feito luz de aurora Olhos de menina, olhos de fada Nessa troca danada Minha alma fisgada