quebrada a beira-mar

Favela beija mar, morro abraça a praia Realidade nua e crua, que não se cala Vida de guerreiro, com areia nos pés Lutando cada dia, sem cair uma vez Nasci na quebrada, me criei no asfalto quente Mas meu coração bate no ritmo da corrente Ondas de concreto, maresia de fumaça densa Morro e praia se fundem, numa mistura intensa Barraco à beira-mar, luxo do maloqueiro Sol nasce na laje, brilha pro favela inteiro Quebrada à beira-mar, paraíso do gueto Areia nos pés, asfalto no peito, não tem segredo Maresia de luta, ondas de resistência Favela na praia, vivendo na confluência Beco vira calçadão, viela se transforma em orla Funk na areia, samba na laje, a vida não enrola Tráfico de sonhos, contrabando de paixão Praia é de todos, mas favela tem seu patrão Corre atrás da onda, surfa no busão lotado Paraíso e inferno, dois lados do mesmo quadrado Maré cheia traz oportunidade rara Maré baixa, dificuldade não para Surfando entre o certo e as tentações Nadando contra a correnteza das ilusões Sol queima na pele, mas não mais que a batalha diária Areia nos olhos não cega a luta necessária Castelo de areia ou barraco improvisado A luta é a mesma, o sonho está enraizado Praia cheia de gringo, morro cheio de operação Dois mundos, uma cidade, vivendo em tensão Quebrada à beira-mar, paraíso do gueto Areia nos pés, asfalto no peito, não tem segredo Maresia de luta, ondas de resistência Favela na praia, vivendo na confluência Da laje vejo o mar, do morro enxergo o amanhã Quebrada à beira-mar, a luta não é vã Entre ondas e becos, sigo navegando Favela e praia, dois mundos que tô dominando Do asfalto à areia, construo meu caminho