RODA

Na tela vejo uma roda De gente de todas as cores Parada extasiada Não pretendo despertar E nesta alucinação Tudo parece girar Eu rodo em torno das órbitas Rodopiando no tempo De um tempo sempre girando pelas curvas do redondo Despencando sem comando E tudo vai me levando Para os ciclos ensimesmados Onde agonizam os meus lados contrastantes incongruentes Eu quero os círculos abertos Das elipses ascendentes E neles vou embarcar Pra nunca mais regressar E nas viagens sem volta Vejo as rodas inclusivas Vejo as rodas excludentes Nas cirandas da infância Vejo as rodas avultosas dos parques de diversão De súbito em minha boca O doce do algodão Pareço perder o senso! Vejo rodas de alianças Vejo a menina de trança Que no escuro da noite Entregou seu coração Totalmente inebriada Tonta e alucinada Cabeça a rodopiar Vejo o frio dentro da alma Do dois pra lá dois pra cá Vejo as rodas que libertam As rodas que aprisionam As rodas dos que padecem As rodas dos que apodrecem As rodas dos que alimentam As rodas dos que desmamam E a roda que vejo agora Atiça a minha paixão: A tela do Joto é a Roda Do Chico a roda é Canção Versos cores melodia Em farta inspiração: "Roda Mundo roda gigante roda moinho roda pião O tempo rodou num instante nas voltas do meu coração"